DAYDREAM
domingo, 17 de abril de 2011
Caindo de cabeça em Estígia
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Lembranças da Infância - Parte 1
Terremoto e Borboleta Preta
Quando eu tinha 5 anos, em 1989 houve um grande terremoto em San Francisco, onde eu morava com meus pais. A minha primeira memória, foi o grande susto que levei, enquanto dormia, ao sentir a terra sob meus pés tremer parecendo que tudo fosse acabar. Eu lembro do papai entrando no meu quarto, me pegando no braço e me levando para o abrigo no porão, onde a mamãe estava esperando a gente. Eu fiquei em silêncio, atônita, sentindo tudo a minha volta ser destruído pelo tremor.
“Ana? Aninha?” - Falavam o papai e a mamãe comigo, eu não conseguia falar nada, não conseguia responder. A morte levou 12 pessoas naquele terremoto e destruiu muitas casas e construções antigas, que ainda não tinham a engenharia necessária para resistir ao incrível terremoto que alcançou 7,1 na escala Richter.
Eu fiquei uma semana sem falar nada. Meu pai e minha mãe ficaram muito preocupados, mas, preferiram não me levar a nenhum médico ou me forçar a nada. A nossa rotina foi aos poucos voltando ao normal, o papai trabalhava na universidade da Califórnia, no campus de San Francisco. Esse campus é apenas voltado às Ciências, então, como o prédio tinha uma engenharia anti-terremotos, o papai me levou muitas vezes para lá. Eu assistia umas aulas – ou dormia nelas – e nós brincávamos muito no laboratório de pesquisas, os amigos do papai também eram legais. A mamãe era assistente social e durante essa época do pós-terremoto, a prefeitura deu muito trabalho para ela, dois orfanatos haviam sido muito afetados pelo terremoto e ela precisava resolver as broncas por lá. As escolas estavam interditadas para reforma: eram férias inesperadas.
Então, eu tinha
fugido da sala de aula do papai – o prédio da universidade não tinha sofrido quase nada com o terremoto – e eu estava brincando na estufa do campus, tinham umas plantas muito legais lá. Do nada, apareceu uma borboleta preta, eu nunca tinha visto uma daquela cor, tão preta e tão profunda. Ela veio e pousou na minha cabeça. Eu estendi a mão e ela voou até ela.
“Como você é linda, qual sua planta favorita?” – eu disse para ela.
Como se ela entendesse, ela dirigiu-se a uma nova variação de kiwis, que a universidade estava desenvolvendo.
“Ah, Kiwi.” – nessa hora, eu percebi que havia voltado a falar. Saí correndo para falar para o papai, mas, eu parei no meio do caminho e me virei para a ver se a borboleta ainda estava lá e não estava. “Ah, já voou! Droga!” – eu disse e fiquei surpresa denovo por ouvir a minha voz. Eu senti uma grande alegria e corri para onde o papai estava.
Quando ele me viu, ele disse: “Eu já te avisei que o pessoal de biológicas gosta de manter a estufa fechada. Você sabia que na sua roupa podem haver bactérias nocivas às plantas deles? Sei que não parece, mas, ali também é um laboratório e...”
“Eu vi uma borboleta preta.” - eu disse.
Ele parou de falar, com cara de surpreso.
“E?” – ele perguntou, com tanta curiosidade quanto um bebê que descobre as próprias mãos e as leva a boca.
“Ela disse que gostava de kiwis.” - eu respondi.
“Você percebeu que voltou a falar?” – disse o papai.
“Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim, quero tomar sorvete!” – eu respondi, com o sorriso de um milhão de dólares.
“A borboleta te disse mais alguma coisa, além disso?” – ele perguntou.
“Não, ela já foi embora. Paaaaiii, eu tô com fome! A gente pode comer em Chinatonw hoje? A gente busca a mamãe, e a gente come lá e depois toma sorvete com pudim e calda de chocolate com granulado colorido e com bicoitinhos. Vamos, papai, vamos!”
O papai sorriu e disse: “Nunca vi borboleta preta que gosta de kiwi. Mas, eu conheço uma menina que come feito um buraco negro e essa menina só tem cinco anos. Então, acho que dá pra acreditar na sua história...” – o papai me pegou no braço e fomos para o carro.
***
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Dream on... Dream on...
Long and spindly Death becomes me
Heaven can you see what I see?
Hey you pale and sickly child
You're death and living reconciled
Been walking home a crooked mile
Paying debt to karma
You party for a living
What you take won't kill you
But careful what you're giving
There's no time for hesitating
Pain is ready, pain is waiting
(...)
[Dream On - Depeche Mode]
sábado, 17 de abril de 2010
Ω
"Como quererias renascer sem primeiro te reduzires a cinzas?"
- Nietzsche
domingo, 14 de março de 2010
Eu sou feito do resto de estrelas
Daquelas primeiras, depois da explosão,
Sou semente nascendo das cinzas
Sou o corvo, o carvalho, o carvão