quinta-feira, 22 de abril de 2010


"Digo-vos: é preciso ter ainda um caos dentro de si para poder dar à luz uma estrela dançante."


Citação: Nietzsche - "Assim Falava Zaratustra"
Quadro: Klimt - "Musique"

"Viver... O senhor já sabe: Viver é etecétera..."


- Grande Sertão: Veredas. 
Guimarães Rosa 
pg. 110.

Dream on... Dream on...

Can you feel a little love?
As your bony fingers close around me
Long and spindly Death becomes me
Heaven can you see what I see?
Hey you pale and sickly child
You're death and living reconciled
Been walking home a crooked mile
Paying debt to karma
You party for a living
What you take won't kill you
But careful what you're giving
There's no time for hesitating
Pain is ready, pain is waiting
(...)

[Dream On - Depeche Mode]

sábado, 17 de abril de 2010

Ω


"Como quererias renascer sem primeiro te reduzires a cinzas?"
- Nietzsche
"Aconteceu alguma vez a alguém deste mundo renascer depois da morte? Mesmo que te fosse concedida uma vida tão longa quanto a da fênix, terias de morrer quando a medida de tua vida fosse preenchida. A fênix permaneceu por mil anos completamente só, no lamento e na dor, sem companheira nem progenitora. Não contraiu laços com ninguém neste mundo, nenhuma criança alegrou sua idade e, ao final de sua vida, quando teve de deixar de existir, lançou suas cinzas ao vento, a fim de que saibas que ninguém pode escapar à morte, não importa que astúcia empregue. Em todo o mundo não há ninguém que não morra. Sabe, pelo milagre da fênix, que ninguém tem abrigo contra a morte. Ainda que a morte seja dura e tirânica, é preciso conviver com ela, e embora muitas provações caiam sobre nós, a morte permanece a mais dura prova que o Caminho nos exigirá".


IN: A Conferência dos Passáros - Farid ud-Din Attar

domingo, 14 de março de 2010

Eu sou feito do resto de estrelas
Daquelas primeiras, depois da explosão,
Sou semente nascendo das cinzas
Sou o corvo, o carvalho, o carvão

Lenine - Tubi Tupy

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sobre o conceito Daydreamer

O que é um Daydreamer?
"É apenas um idota que sonha acordado", você responderia.

Você está próximo da verdade, então.
E você é capaz de segurá-la... não, devo te informar que isso o que você considera verdade, é um aborto de uma mentira, uma mortalha ilícita que te colocaram.
Para você, o horizonte tem um limite.

Sim, mas, ainda assim, há verdade em sua resposta.
Um Daydreamer é uma pessoa que sonha acordada.
Ser idiota ou não, é um termo acessório nessa oração.

Fugindo um pouco da gramatik do texto...
d a y d r e a m e r...

Vou te explicar e espero não levar um paradoxo por isso.

Um daydreamer é quase um desaurido.
A diferença é que, em  termos de poder, os desauridos são superiores.
E, em termos de loucura... há muita razão nisso.

Acho que estou começando a sentir a realidade fisgar-me as pernas!

Deixe-me então, gritar de uma vez:
- Um daydreamer é aquele que vive o que quer que pense. É uma alma que apesar de maculada pela verdade tecnocrata, conseguiu cultivar uma semente mágika em sua essência e assim, desperto ou não, consegue criar e modificar a realidade em escalas astronômicas, aderindo a ela e sendo-a.

Como?

Droga, estou sentindo agora o formirgar em metade do corpo.

Resposta!

- A vida é um milagre.

"I see God come in my garden, but I don't know what his said. 'Cause my heart was not open. Not open."
[coldplay - cemeteries of  london]

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"Quando a canção for ouvida por aqueles que podem ouvir, segue-se o silêncio espesso do protesto."


Hold on!
Hold on!

Don't be scared
You'll never change what's been and gone
May your smile (May your smile)
Shine on (Shine on)
Don't be scared (Don't be scared)
Your destiny may keep you warm

'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Get up (Get up)
Come on (Come on)
Why you scared? (I'm not scared)
You'll never change what's been and gone

'Cause all of the stars
Are fading away
Just try not to worry
You'll see them some day
Just take what you need
And be on your way
And stop crying your heart out

Where all us stars
We're fading away
Just try not to worry
You'll see us some day
Just take what you need

And be on your way
And stop crying your heart out

[oasis - stop crying in your heart]

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Os filhos da Noite (Nix)

Noite pariu hediondo Lote, Sorte negrae Morte, pariu Sono e pariu a grei de Sonhos.
A seguir Escárnio e Miséria cheia de dor.
Com nenhum conúbio divina pariu-os Noite trevosa.
As Hespérides que vigiam além do ínclito Oceano
belas maçãs de ouro e as árvores frutiferantes
pariu e as Partes e as Sortes que punem sem dó:
Fiandeira, Distributriz e Inflexível que aos mortais
tão logo nascidos dão os haveres de bem e de mal,
elas perseguem transgressões de homens e Deuses
e jamais repousam as Deusas da terrível cólera
até que dêem com o olho maligno naquele que erra.
Pariu ainda Nêmesis ruína dos perecíveis mortais
a Noite funérea. Depois pariu Engano e Amor
e Velhice funesta e pariu Éris de ânimo cruel.
Éris hedionda pariu Fadiga cheia de dor,
Olvido, Fome e Dores cheias de lágrimas,
Batalhas, Combates, Massacres e Homicídios,
Litígios, Mentiras, Falas e Disputas,
Desordem e Derrota conviventes uma da outra,
e Juramento, que aos sobreterrâneos homens
muito arruina quando alguém adrede perjura.

IN: Hesíodo - Teogonia.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Fuja do Silêncio

Eu sei, você já parou de contar as estrelas do céu
E eu não, eu não posso mais te ajudar a dizer onde estão
Seu olhar pesado me prende ao solo
E eu sei, eu não posso mais flutuar
entre estrelas do céu que você apagou (...)

ludov - estrelas.

Erick

Para encurtar as coisas, tio Rudolf me explicou que eu era um ser desperto e que eu possuia mágika.
Não houve tempo para detalhes nem treinamento, em menos de 2 dias descobri outros iguais a mim que estavam lutando contra inimigos artrozes.

"Vamos a casa de um amigo meu." - disse Rudolf - "Preciso vê-lo e ajudá-lo.".
"Está bem!" - Eu respondi, atônita.

Ao chegarmos em uma casa aparentemente normal, foi que me dei conta que aquele lugar não era ordinário.

Abrimos a porta e, ao entrarmos, nos deparamos com um ser que parecia o Chewbacca, mas por algum motivo eu senti curiosidade ao invés de medo.
Essa coisa era Zao, outro dos tios que eu vim a conhecer e que estava passando pelo "tiodoxo".

"Tá com fome?" - Disse eu, fazendo trancinhas nele.
"Sim." - Respondeu ele.

A casa não era minha, mas, fui na cozinha, tinha hambúrguer e coca-cola na geladeira, pão em cima do balcão. Gás e fogão, fósforo e fome.

Enquanto isso, de repente, apareu um cara e conversa qualquer coisa com Rudolf e eles saem.
Ficamos eu e o Chewbacca.
A gente comeu e talz...

De repente, aparece um cara todo ensanguentado nas pernas.
Quando eu o vi, eu tive uma vontade quase incontrolável de rir, eu pensei "What'a hell?", ele parecia estar feirdo, mas, estava andando normalmente.

Nisso, ele deixou de olhar para o Chewbacca e virou-se para mim, com um tom um pouco irônico e ostensivo:
"E você, quem é?" - disse ele.
"Aaah. Olá, eu sou a Ana." - respondi um pouco intrigada.
"Você está bem?" - falei eu tentando não rir mas, ao mesmo tempo, preocupada.
"É, pode se dizer que sim. Quem trouxe você aqui, Ana?" - Perguntou ele.
"Rudolf." - Respondeu o Chewbacca. - "Ela é aprendiz dele, Erick."

A sobramcelha dele se ergueu ao analisar cautelosamente a menina (eu) a sua frente.
Ele conseguiu produzir, simultâneamente, uma cara de surpresa-desconfiança-e-não-acredito-que-essa-fedelha-é-aprendiz-de-Rudolf. Depois dessa feição quase enigmática, ainda com a sombrancelha de pé, ele comentou: "Rudolf é como um pai pra mim. Se você é aprendiz dele, então, devo acreditar que você tem alguma competência. Seja bem vinda."

Eu só consegui dizer uma coisa: "Tio, 'cê tá mestruado?"

HAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHAUHAUAHAUHAUA

Foi aí que ele se tocou que tava todo ensanguentado, apesar de ter me fitado com uma cara de "Homem não mestrua, porra!".

"Errr... Vou tomar banho, me aguardem aqui."
"E para de me chamar de 'tio', está bem?"

"Tá bom, tio."
"..."
" =D"
"¬¬"

* * *

Após um demorado banho, ele desceu as escadas e perguntou: "Pra onde foram todos?"
"Eles saíram, foram resolver alguma coisa, tinha um tio aqui com uma espada quando eu cheguei, que acompanhou o tio Rudolf, eles foram juntos a casa de num sei quem e..." - Eu estava um pouco confusa com as informações.

"Venha comigo até o meu quarto" - disse Erick.
"O quê?" - eu respondi.
"Venha de uma vez!" - Falou isso subindo as escadas.
"Tá bom, tio." - respondi de contra gosto.

Chegando lá no quarto dele, havia um computador, mas, não era um computador normal, tinha umas 5 telas grandes, um teclado monstruso, era "O PC".

"UAU" - eu falei de boca aberta.
Ele não falou nada, mas, fez aquela cara de "eu sei, é meu!".


 Tio Rudolf, Tio Sammy e tio Dean chegaram.
 Nós descemos.

"Olá, Erick. Vejo que voltou a andar." - Falou Rudolf com aquele tom de voz paternal que lhe era comum.
"Sim. Mas, quem ou quê é essa coisa peluda que está em cima do sofá da MINHA CASA?" - Perguntou Erick.
"É o Zao, curtindo um pouco do paradoxo da mágika vulgar que fez." - Disse Dean.
"Ah, vejo que você já conheceu a Ana. Ela é minha aprendiz." - Falou Rudolf colocando a mão no meu ombro.

Erick olhou para Rudolf com aquela cara de cético, que logo foi quebrada pela frase a seguir:
"Porém, acho que não terei muito tempo para ensiná-la agora. E, como você é o mais forte e mais sábio, importaria de tornar-se o mentor dela temporáriamente?" - Rudolf disse isso com um tom de voz tão calmo e convincente, que vi o ceticismo de Erick curvar-se a simpatia de Rudolf.

"Claro que não, seus amigos são meus amigos, Rudolf. Serei o mentor dela, então."

* * *

Sabe o big-bang?
Ninguém ouviu o barulho ou, seria capaz de reproduzir o som com precisão - mago ou não.
Mas, naquele momento, nascia um novo universo.
Não posso dizer que ouvi, ou que alguém fora capaz de perceber.

Havia algo mágiko no ar:
- Amizade.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pausa para um milkshake




Ana correu em direção de si mesma.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Em Seatle



A carta do tarôt que abre essa próxima narrativa é a carta um - "O mago".
Vocês já já vão entender o porque dessa carta.

Eu estava há um ano fora de casa. Sem ver os meus pais, meus amigos de outrora.
Agora, eu era mais uma das crianças marginalizadas e socialmente desprezadas pela sociedade.
Durante esse ano fora de casa, aprendi muitos metódos... ilícitos de se sobreviver.
Fiz amigos, formamos um "grupinho".
Nos ajudávamos, sempre compartilhávamos a comida.
Porém, eu... eu sabia fazer umas coisas diferentes.
Foi sem querer que eu acabei descobrindo como multiplicar o dinheiro.
Assim que descobri isso, parei de furtar.
Nós brincávamos muito de bolinha de gude.
Também percebi que, as vezes, as minhas bolinhas de gude ficavam "mais pesadas que o normal".
Não conseguia explicar isso. As vezes, eu usava as bolinhas para me defender.

Seria o meu primeiro aniversário fora de casa, sem meus pais.
Não tinha mais voltado a minha cidade, nem eles tinham me procurado.
Se é que estavam vivos.
Tudo estava caótico, descongruente.
O mundo... havia mudado.
E meus olhos podiam ver.

No dia do meu aniversário, senti uma coisa estranha - umas ondas - pelo ar.
Fiquei curiosa, resolvi segui-la.
Fui levada até um teatro.

O que está prestes a acontecer agora, é apenas comparável ao nascimento de uma estrela ou a construção de uma galáxia.
Estava muito frio aqui fora, e havia uma festa lá dentro.
Então, eu me sento na calçada, tentando entender o que eu havia seguido, de fato.
Nisso, sai uma mulher de dentro da festa, nem velha nem nova.

Ela olhou pra mim e falou "Oi, qual o seu nome? Você está com fome?"
Eu olhei para ela e falei "Meu nome é Ana e hoje é o meu aniversário, mas, isso é uma pergunta que se faça para alguém que mora no meio da rua?"
Ela - Sim ou não?
Eu, um tanto disconfiada - Sim.
Ela - Venha comigo!
Ela disse "Está muito frio aqui fora, porque você não entra?"
Bem, tava fazendo frio mesmo, e já que ela tava sendo tão legal, resolvi entrar.
Havia muita gente diferente lá dentro. Eles riam, e brindavam, muito alegres.
Então, de súbito, ela me apresentou "Pessoal! Essa é a Ana e hoje é o aniversário dela!".
Meu Deus, que vergonha!
Todos olharam para mim, e brindaram "Viva a Ana" e me abraçaram e me beijaram, me deram presentes - nesse instante, algumas bolinhas de gude que eu escondera entre os dedos caíram no chão e fizeram um grande barulho, pois, elas estavam mais pesadas porque eu poderia precisar delas - umas correntes de ouro, anéis, uma capa de um tecido muito bonito, etc. Foi uma coisa bem estranha.

Então, eu o conheci.
Eu vi o homem que viria a ser um de meus mentores e meu amigo.
Seu nome era Rudolf. Era um senhor engraçado - como todo avô deve ser.

Ele veio e se aproximou de mim e disse "Parabéns!".
Eu apenas dei um sorriso amarelo.
"Você tem bolinhas de gude muito interessantes", disse ele por fim.

Minha espinha gelou naquele momento.
Eu o olhei profundamente e ele disse:

"Você gosta de mágica? Suba comigo que eu lhe mostro! Eu sou mágico, sabia?" - ele disse.
Mas do que nunca eu segurei minhas bolinhas de gude entre os dedos e aprumei o badoque no bolso.
Aquele senhor não era comum, assim como aquele lugar e todas aquelas outras pessoas.
Eu apenas podia sentir.
Eu o acompanhei, subimos umas escadas e fomos para um local que parecia um quarto.
Havia uma poltrona, ele sentou-se nela.
Por fim, ele segurava uma bengala e segurava uma cartola. Olhando para mim, ele fez aparecer um coelho.
Cara, eu não acreditei naquilo. Tinha que ser um truque! Eu fiquei mais intrigada ainda.
"Você pode tirar qualquer coisa daí?" - eu perguntei.
"Oh, sim, você está com fome." - Disse ele, tirando um sanduíche de dentro da cartola.
Vocês são capazes de imaginar a minnha cara nesse momento, né?
Ele me deu o sanduíche, e eu o examinei muito bem antes de colocá-lo na boca.
"Você gostaria de trabalhar no meu teatro? Temos uma vaga para um aprendiz..." - disse ele sorrindo.
"Só uma? Você não teria pelo menos uma três?" - eu perguntei meio de boca cheia.
"Ah, para os seus amiguinhos. Sim, sim. Avise a eles que todos começarão a trabalhar amanhã."
""Está ficando muito tarde, é melhor você ir agora."

"Estarei esperando você aqui pela manhã."

*  *  *

A partida de casa






Sim, a carta zero do tarôt - "o louco"- é perfeito para narrar a minha partida de casa.
Depois do supermercado, voltamos pra casa, jantamos, fora tudo normal.
Antes de dormir, meu pai avisa: "Iremos arrumar o sotão e o porão amanhã. Acorde disposta, viu?" e deu aquela risadinha de "haha, vai ter que trabalhar amanhã!", eu falei "oookeeeeiiii.". O que eu podia fazer?


Bem, tomei banho e quando voltei, o Kiwi já tava todo esparramando na minha cama.
Eu me deitei, ele se juntou de mim.
"Boa noite, Kiwi."
"Miau."


De manhã, acordei relativamente cedo, umas 8 horas.
Meus pais já acordados, o café já na mesa. Descemos eu e o Kiwi, comemos e começamos a arrumação.
Estava tudo muito empoeirado, tivemos que varrer e jogar muitas coisas velhas fora.
De súbito, meu pai fala: "Ana, vá ao sotão e pegue tal coisa."
Não lembro bem o que era, porque o que vem a seguir é muito aterrorizante.


De repente, escuto uma discussão vinda lá de baixo, uns homens estranhos, de terno, estão discutindo com minha mãe e com o meu pai.
Eles dois pareciam calmos, mas, os outros homens estavam revirando a casa e discutindo muito exaltados.
Eu senti medo, eu quis descer e ficar com os meus pais.
Então, quando eu estou descendo, vejo minha mãe olhando para mim lá de baixo, ela está com uma expressão de "não desça e vá embora."
Bem, é isso que eu pareço escutar quando olho pra ela.
Kiwi arranha minha perna. Eu olho pra ele. É como se ele dissesse - "me siga."- eu olho novamente para minha mãe e aí já é tarde demais. Um dos homens me vê e fala "lá em cima". Eu ainda vejo de relance o rosto dos meus pais a olharem pra mim como a expressão "corra!".
Kiwi mia alto, eu o sigo.
Entramos no sotão e saímos por umas das janelas e ficamos no telhado, então, Kiwi me mostra como descer, pela parte de trás da casa e eu saio correndo, seguindo-o, sem entender merda nenhuma.


Eu nunca corri tanto na minha vida, eu corria e tinha vontade de chorar, queria ver os meus pais, queria voltar para minha casa. Mas, a medida que eu segui o Kiwi, eu percebia que a minha vida nunca mais voltaria ao que era antes.


Peguei um ônibus, saí do estado.
Fiz um pequeno sorteio com o Kiwi, ele escolheu o estado de Seatle.


Dei adeus.

* * *

A chegada em casa

No avião, dormi a maior parte do tempo. Meus país pareciam tranquilos e felizes, parecia que nada de ruim havia acontecido. Porque só tínhamos planejado de voltar semanas depois, e porque eles achavam que eu estava doente (é o que eu acho), eles tiveram que antecipar a volta ao Estados Unidos. Bem, quando eu cheguei em casa, eu tive uma surpresa.
Lá, deitado no batente de minha casa, havia um gato preto. Achei até que estavam filmando "Bruxas de Salém" lá perto de casa e que o gato tinha saído do set de filmagem, porque o gato era muito bem cuidado, o pelo lustroso, essas frescuras de gato-ator.
Porém, quando o gato se levanta e olha pra mim... os olhos dele eram iguais aos do anjo da igreja!
Caralho.
Pelo menos dessa vez eu não me senti mal nem nada. Só fiquei muito intrigada com tudo aquilo.
Perguntei a minha mãe se eu poderia ficar com o gato. Ela disse "Sim" e "Tome conta direitinho dele!".
De primeira, eu fiquei muito desconfiada de pegar nele, e ele também, parecia que estava me estudando.
Bem, eu tive uma ideia!
Corri lá dentro de casa, apanhei um dinheiro e falei pro gato: "Olha, a gente vai ter que sair pra comer, porque meus pais não deixaram comida na geladeira por causa da viagem. Eles tão se arrumando pra ir fazer feira, e, eu achei que nós poderíamos ir e comer qualquer coisa por lá. Eu te pago um leite."
HAHUAHAHAHAUHAUAHAHUAHUAHUAHUAHAUHAUAHAU.


Ele veio e falou "miaau".
Eu subi no carro e ele pulou e veio no meu colo.
Passei o caminho todo pensando em um nome pra ele.
Assim que chegamos no supermercado, ouvimos: "Estamos na estação de kiwis." e "Animais não podem entrar em supermercados, esperem aqui fora."







Err, senhor gato.
"Miau?"
Se me permite, vou te chamar de Kiwi.
O olho dele era o céu estrelado noturno, me adimira ninguém nunca ter percebido isso ou, como depois vim a saber, só eu podia vê-los assim.
"Miaau."
"Ah é, esse já era o seu nome, Kiwi?"


"Legal."
"Miau."


* * *

Como estraguei as férias de verão

Eu acho que minha vida mudou mais depois que entrei para a Cabala do que quando eu despertara. Simplesmente, moravamos eu, minha mãe e meu pai juntos, tudo dentro da normalidade esperada pelos tecnomaus. Meu pai é francês, minha mãe americana. Eu era, o que se espera da normalidade, uma mistura dos dois. Bem, mas agora vou contar como estraguei as férias de verão.
Eu tinha 14 anos na época (hoje tenho 15, rsrsss). Como presente de férias, nós tínhamos ido à terra natal do meu pai, a França. Lá, fomos na "Cathédrale Notre-Dame-de-Strasbourg". Se você já viu aquele filme da Disney, bem, você sabe de onde eu estou falando.

Agora, a parte crítica do passeio:


Cara, quando eu entrei lá dentro, me senti muito esquisita. Minha cabeça doía, me senti como se alguma coisa tivesse me oprimindo, eu quis vomitar mas não consegui, todos aqueles vitrais, aquelas cores, as imagens dos santos, sabe, era como se eu pudesse sentir a fé das milhares de pessoas que acreditavam naquilo, e haviam as estátuas... e houve uma em especial.
Uma estátua destoante das demais, de mármore completamente branco. Era um anjo. Um anjo com asas enormes e ele estava olhando para mim.
Sim, eu disse isso mesmo. Envolta desse anjo, as cores dos vitrais giravam, e os olhos dele eram... a própria abóbada celeste. Eu quase morri de medo, eu achei que estava afundando, alguém devia ter me drogado ou algo do tipo. Ele veio em direção a mim, eu fiquei parada, parada como se a estátua fosse eu. Ele se aproximou, tocou com um dedo na minha testa e eu vomitei tudo o que tinha comido e que iria comer pelos próximos mil anos.

Bem, eu desmaiei e não sei o que houve lá.
Acordei no hotel, as coisas todas arrumadas e minha mãe me abraçando dizendo:
- Tudo bem, já estamos indo pra casa. -- num tom de voz alegre e calmo.

Graças ao bom Deus, meus pais não me perguntaram nada ou ficaram irritados comigo.

* * *